pessoa em pé segurando um livro e uma caneta em um estande de livros na bienal de são paulo

E o narrador e o escritor não são a mesma pessoa?

Sim e não. 

A voz do narrador não tem por obrigação ser a mesma de quem está escrevendo. Por isso, achar que em um livro de romance policial, por exemplo, a história aborda um criminoso em série e como o mesmo consegue se safar dos seus delitos não quer dizer que o autor é conivente com o crime. Afinal, a história é (olha só) uma ficção.

Tenho percebido uma certa imaturidade de alguns leitores para determinadas leituras. Por consequência, os leitores ficam irritados (afinal não compreenderam bem o que leram) e os autores ficam surpresos com questionamentos que normalmente não costumam receber.

Outro exemplo: eu escrevo sobre vampiros. Isso não quer dizer que eu sou adepta de sair por aí chupando sangue das pessoas. Analogia meio boba, mas há leitores que se sentem desconfortáveis, e até ofendidos, com histórias fantasiosas que mexam com o senso de moralidade do ser humano. 

Escrevo histórias de terror porque gosto e tem um pouco da minha vivência e entendimento de mundo lá, entre as linhas. Mas (por favor!) eu não sou uma criatura das trevas, tá?

(Ou será que não?)

Um pouco de interpretação (e senso) não faz mal a ninguém, sabe?

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